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Mostrando postagens de 2015

Filosofia Política - Karl Marx - Manifesto Comunista

I. Burgueses e proletários A história de todas as sociedades até hoje é a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feudal e servo, mestre de corporação e companheiro, em suma, opressores e oprimidos, estiveram em constante antagonismo entre si, travando uma luta ininterrupta, umas vezes oculta, outras aberta – uma guerra que sempre terminou ou com uma transformação revolucionária de toda a sociedade ou com a destruição das classes em luta. Nas épocas anteriores da história encontramos, quase por toda parte, uma completa estruturação da sociedade em estados ou ordens sociais, uma múltipla gradação das posições sociais. Na Roma antiga, temos patrícios, cavaleiros, plebeus, escravos; na Idade Média, senhores feudais, vassalos, mestres das corporações, aprendizes, servos e, além disso, gradações particulares no interior dessas classes. A sociedade burguesa moderna, que surgiu do declínio da sociedade feudal, não aboliu is antagonismos d

Conhecimento e Ciência - Meditações Metafísicas - René Descartes

Meditações Metafísicas: Meditação Primeira e Meditação Segunda René Descartes Retirado de: DESCARTES, R. Meditações Metafísicas – Meditação Primeira e Meditação Segunda . Guinsburg, J. e Prado Jr., B. (trad.). Nova Cultural, São Paulo, 1987. (Coleção Os Pensadores ). Meditação Primeira Das coisas que se podem colocar em dúvida 1. Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto; de modo que me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos, se quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas ciências. […] 2. Ora, não será necessário, para alcançar esse desígnio, provar que todas elas são falsas, o que talvez nunca levasse a cabo; mas, uma vez que a razão já me

Conhecimento e Ciência - Meditações Metafísicas - René Descartes

Meditações Metafísicas: Meditação Primeira e Meditação Segunda René Descartes Retirado de: DESCARTES, R. Meditações Metafísicas – Meditação Primeira e Meditação Segunda . Guinsburg, J. e Prado Jr., B. (trad.). Nova Cultural, São Paulo, 1987. (Coleção Os Pensadores ). Meditação Primeira Das coisas que se podem colocar em dúvida 1. Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto; de modo que me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos, se quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas ciências. […] 2. Ora, não será necessário, para alcançar esse desígnio, provar que todas elas são falsas, o que talvez nunca levasse a cabo; mas, uma vez que a razão já me

Conhecimento e Ciência - O benefício da dúvida - FERREIRA GULLAR

O benefício da dúvida FERREIRA GULLAR Difícil é lidar com donos da verdade. Não há dúvida de que todos nós nos apoiamos em algumas certezas e temos opinião formada sobre determinados assuntos; é inevitável e necessário. Se somos, como creio que somos, seres culturais, vivemos num mundo que construímos a partir de nossas experiências e conhecimentos. Há aqueles que não chegam a formular claramente para si o que conhecem e sabem, mas há outros que, pelo contrário, têm opiniões formadas sobre tudo ou quase tudo. Até aí nada de mais; o problema é quando o cara se convence de que suas opiniões são as únicas verdadeiras e, portanto, incontestáveis. Se ele se defronta com outro imbuído da mesma certeza, arma-se um barraco. De qualquer maneira, se se trata de um indivíduo qualquer que se julga dono da verdade, a coisa não vai além de algumas discussões acaloradas, que podem até chegar a ofensas pessoais. O problema se agrava quando o dono da verdade tem lábia, carisma e se consid

Filosofia Política - John Locke - Textos complementares

A teoria liberal – A burguesia e a propriedade privada Marilena Chauí […] Para que o poder econômico da burguesia pudesse enfrentar o poder político dos reis e da nobreza, a burguesia precisava de uma teoria que lhe desse legitimidade tão grande ou maior do que o sangue e a hereditariedade davam à realeza e à nobreza. Em outras palavras, assim como o sangue e a hereditariedade davam à realeza e à nobreza um fundamento natural para o poder e o prestígio, a burguesia precisava de uma teoria que desse ao seu poder econômico também um fundamento natural, capaz de rivalizar com o poder político da realeza e o prestígio social da nobreza, e até mesmo suplantá-los. Essa teoria será a da propriedade privada como direito natural e sua primeira formulação coerente será feita pelo filósofo inglês John Locke no final do século XVII e início do século XVIII. Locke parte da definição do direito natural como direito à vida, à liberdade e aos bens necessários para a conservação de ambas. Es

Filosofia Política - Estruturação do Texto: Segundo Tratado sobre o Governo. Capítulo V – Da propriedade John Locke

Segundo Tratado sobre o Governo. Capítulo V – Da propriedade John Locke Estruturação do Texto 1. A questão da propriedade privada § 25 1.1 . A razão natural diz que todos os homens têm direito a tudo que é necessário para a preservação de sua vida. 1.2. A Bíblia diz que Deus deu a terra a todos os homens. 1.3. Questão: se originalmente a terra é de todos, como teve origem a propriedade privada? 1.4. Tese que o autor pretende demonstrar: a propriedade é um direito natural e portanto não depende do consentimento dos membros da comunidade. 2 . Passagem da propriedade comum à propriedade privada §26 a 30 2.1. Deus deu taos homens a razão para que eles se apropriassem da natureza e extraíssem dela seus meios de sobrevivência §26 2.2. Cada homem é proprietário de sua pessoa; portanto, o trabalho do seu corpo lhe pertence §27 2.3. Ao retirar algo da natureza, o homem acrescenta ao objeto natural algo que lhe pertence (seu trabalho) e por isso o objeto torna

Conhecimento e Ciência - Novum Organum - Francis Bacon - 2ºs Anos

XXXIX São de quatro gêneros os ídolos que bloqueiam a mente humana. Para melhor apresentá-los, lhes assinamos nomes, a saber: Ídolos da Tribo; Ido/os da Caverna; Ídolos do Foro e Ídolos do Teatro.9 XL A formação de noções e axiomas pela verdadeira indução é, sem dúvida, o remédio apropriado para afastar e repelir os ídolos. Será, contudo, de grande préstimo indicar no que consistem, posto que a doutrina dos ídolos tem a ver com a interpretação da natureza o mesmo que a doutrina dos elencos sofísticos com a dialética vulgar. XLI Os ídolos da tribo estão fundados na própria natureza humana, na própria tribo ou espécie humana. E falsa a asserção de que os sentidos do homem são a medida das coisas. Muito ao contrário, todas as percepções, tanto dos sentidos como da mente, guardam analogia com a natureza humana e não com o universo. O intelecto humano é semelhante a um espelho que reflete desigualmente os raios das coisas e, dessa forma, as distorce e corrompe.

Lógica e Linguagem - PLATÃO - Sofista

ESTRANGEIRO — O que julguei teres no espírito, ao concordares comigo. Possuímos, na verdade, para exprimir vocalmente o ser, dois gêneros de sinais. TEETETO — Quais? ESTRANGEIRO — Os nomes e os verbos, como os chamamos. TEETETO — Explica tua distinção. ESTRANGEIRO — O que exprime as ações, nós chamamos verbo. TEETETO — Sim. ESTRANGEIRO — Quanto aos sujeitos que executam essas ações, o sinal vocal que a eles se aplica é um nome. TEETETO — Perfeitamente. ESTRANGEIRO — Nomes apenas, enunciados de princípio a fim, jamais formam um discurso, assim como verbos enunciados sem o acompanhamento de algum nome. TEETETO — Eis o que eu não sabia. ESTRANGEIRO — É que, certamente, tinhas outra coisa em vista, dando-me, há pouco, teu assentimento; pois o que eu queria dizer era exatamente isso: enunciados numa seqüência como esta, eles não formam um discurso. TEETETO — Em que seqüência? ESTRANGEIRO — Por exemplo, anda, corre, dorme, e todos os demais verbos que significam açã